top of page
Buscar

O perigo do minério


A imagem que abre este artigo mostra vista aérea do pátio de estocagem da mina S11D no complexo Eliézer batista, no Pará (Foto: Ricardo Teles/Agência Vale)

Mesmo com a baixa nos preços do minério de ferro, principal produto mineral do país, nos oito primeiros meses deste ano o valor da produção mineral brasileira foi de 219 bilhões de reais, 112% maior em comparação a igual período de 2020, que totalizou R$ 103,7 bilhões, segundo dados divulgados pelo Ibram, o instituto do setor.


As exportações minerais, lideradas pelo minério de ferro, foram de 40,91 bilhões de dólares até agosto deste ano, 93,6% a mais do que os US$ 21,1 bilhões no mesmo período de 2020. Com esse incremento, a participação da mineração no saldo da balança comercial brasileira, passou de 49% para 69% do total, somando 36,1 bilhões de dólares, ou dois terços do total.


Esse maior peso deverá se manter pelos próximos anos, já que a previsão de investimentos para o setor entre 2021 e 2025 se expandiu de US$ 38 bilhões para US$ 41,3 bilhões. Do total, 47% em projetos já em execução e 53% programados.


A maior parte dos investimentos será destinada a Minas Gerais, que terá 25% ou US$ 10 bilhões, seguido pela Bahia e Pará (US$ 7,3 bilhões cada um). Já na liderança por substância, o minério de ferro receberá a cota maior das aplicações, com US$ 12,8 bilhões. Em seguida, a bauxita (US$ 6,484 bilhões) e os fertilizantes (US$ 6,338 bilhões). Para os projetos socioambientais deverão ser destinados US$ 6,084 bilhões, segundo o Ibram.


A receita da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) nos oito primeiros meses do ano totalizou 6,7 bilhões de reais, crescimento de 120%, sobre os R$ 3,0 bilhões de janeiro a agosto de 2020, enquanto outros tributos e taxas se expandiram 111,4%. A estimativa do Ibram é que o valor da CFEM em 2021 alcance R$ 10 bilhões. O Pará recebeu R$ 3,099 bilhões e Minas Gerais), R$ 3,018 bilhões.


Parauapebas (com R$ 1,573 bilhão) e Canaã dos Carajás, ambos no Pará, na província mineral de Carajás (com R$ 1,207 bilhão), são os dois municípios que mais acumularam royalties, somando R$ 2,780 bilhões, 40% do total nacional. O minério de ferro foi o que mais pagou CFEM: R$ 5,653 bilhões.

Os números mostram a relevância da economia mineral no conjunto das atividades produtivas do Brasil. Mas também sua perigosa posição de dependência do mercado internacional, sujeitando-se a flutuações do câmbio que não obedecem a um controle nacional.


Uma internacionalização como nunca houve, sem que ela resulte de ingresso de recursos estrangeiros de capital. A vinculação é a partir do destino do produto, cada vez mais concentrado em algumas substâncias, e da expansão do volume físico de bens para compensar eventuais quedas de preços das matérias primas. Um modelo clássico de colonialismo do qual o Brasil parecia que ia se libertar para desenvolver uma economia nacional mais saudável e segura, baseada na industrialização das suas matérias-primas.


Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:

* lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.

* valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.

* amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

* cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.


bottom of page