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Novos prefeitos de Manaus e Belém assumem com discursos contrastantes


As duas maiores capitais da região amazônica, presenciaram, neste primeiro dia de 2021, contrastantes cerimônias de posse de seus novos prefeitos. De um lado, David Almeida (Avante) limitou-se a pedir um minuto de silêncio seguido de uma salva de palmas às vítimas da Covid-19, um dia depois de o Amazonas superar a marca de 200 mil infectados e com a capital tendo de voltar a instalar câmaras frigoríficas nos hospitais públicos para receber os corpos das vítimas do novo coronavírus. Do outro, na capital paraense, Edmilson Rodrigues (Psol) afirmou que o combate à pandemia é uma prioridade em seu governo e que serão adotadas ações estratégicas para o atendimento aos doentes.


O novo gestor da capital amazonense só falou sobre o tema pandemia de forma direta quando provocado pela imprensa pouco antes da posse. Ele declarou que o município tem poucas condições de fazer muitas coisas para evitar o colapso no sistema público de saúde de Manaus, já que a atribuição da prefeitura é o atendimento de baixa complexidade, restrita à saúde básica. Mas afirmou que cogita fazer uma parceria com o governo do Amazonas para reabrir o Hospital Nilton Lins, da rede privada, que no pico da pandemia atendeu a pacientes de Covid-19.


Almeida voltou a enfatizar que o principal desafio da Prefeitura de Manaus será executar a campanha de imunização da população contra o coronavírus, que no Brasil ainda não tem data para iniciar. Edmilson Rodrigues disse que discute a assinatura de um convênio com a Universidade Federal do Pará (UFPA) para garantir a imunização em massa em Belém. A vacinação está prevista para começar entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, conforme declarou o governador Helder Barbalho (MDB). A informação foi ratificada pelo novo prefeito durante sua fala nesta sexta-feira na Câmara de Vereadores de Belém.


No meio da semana, o agora prefeito de Manaus, David Almeida, concedeu outra entrevista com declarações polêmicas sobre o enfrentamento à doença. A principal é o que ficou conhecido como “Kit Covid”, que seria a distribuição de complexos vitamínicos e ivermectina à população como forma de “imunizá-la”, tornando-a mais resistente ao vírus. Não há comprovação científica sobre o uso da ivermectina para combater a Covid-19. O remédio é reconhecido por ser eficaz contra piolhos. A declaração foi dada na mesma semana em que a Prefeitura de Manaus voltou a registrar aumento de óbitos em casa.


O Amazonas encerrou 2020 registrando 201.013 casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus. Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde, foram 1.443 novos infectados no estado entre 30 e 31 de dezembro, com nove mortes registradas. Ao longo do ano passado, foram 5.285 óbitos causados por Covid-19. Destes, 3.380 ocorreram em Manaus. Por ser a única cidade amazonense a dispor de leitos de UTI, pacientes com quadro clínico mais grave residentes no interior tiveram de ser transferidos para a capital.


Programa de distribuição de renda em Belém

Casa de seu Isaías no conjunto Laércio Barbalho, no bairro do Tapanã, em Belém do Pará (Foto: Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Edmilson Rodrigues referiu-se à ausência da mãe de 86 anos na cerimônia de sua posse, por conta das medidas restritivas, como uma forma de demonstrar a preocupação que terá no combate à pandemia e com os efeitos dela sobre a vida das pessoas. O evento, ocorrido na Câmara Municipal de Belém, foi fechado ao público para evitar aglomerações, mas transmitido ao vivo pelas redes sociais do prefeito.


Durante a posse, o novo prefeito assinou o projeto de lei do programa “Bora Belém”, que prevê a destinação de renda básica para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

“Muitos estão sofrendo com a fome. A fome mata e precisamos pensar em transferência de renda para solucionar este problema”, afirmou Rodrigues minutos antes de ser empossado. Ele pediu ao novo presidente da Câmara Municipal, Zeca Pirão (MDB), que o projeto de lei para a criação do programa fosse votado extraordinariamente antes do aniversário de Belém, 12 de janeiro.


Mas não será uma tarefa fácil gerir esse programa. Durante seu discurso no plenário da CMB, Edmilson Rodrigues informou aos vereadores recém-empossados que a gestão de Belém possui mais de R$ 1 bilhão em dívidas, dos quais R$ 200 milhões terão de ser pagos ainda neste ano. Para implementar o Bora Belém, uma de suas promessas de campanha, o novo prefeito disse contar com a cooperação do governo do estado.

Belém, segundo boletim atualizado até dia 31 de dezembro, teve 2.428 óbitos por Covid-19, e por enquanto possui uma controlada ocupação dos leitos de UTI (44%) e de leitos clínicos (30%). Houve 4 mortes pelo novo coronavírus, sendo 3 confirmações de dias anteriores.


A ascensão de “um morador da periferia”

Em um momento em que a capital do Amazonas volta a apresentar aceleração de casos de coronavírus e aumento de óbitos, David Almeida não informou que medidas concretas irá tomar para combater a Covid-19 e nem apontou ações emergenciais. Em seu discurso de posse, preferiu enfatizar sua conquista pessoal e trajetória política, descrevendo-se como um “um morador da periferia” que entrou na política “quase por acidente”.


“Meu coração transborda de alegria e de felicidade. De gratidão”, disse o novo prefeito de Manaus, recorrendo a um discurso genérico e de forte teor messiânico, com direito à interpretação de um louvor evangélico ao final do discurso, cantado por sua filha, Fernanda Almeida. Uma coletiva por videoconferência à imprensa estava marcada após a cerimônia de posse, mas foi adiada por “problemas técnicos na transmissão”, conforme informou a Assessoria de Comunicação.


A cidade mais populosa do Norte encerrou o ano registrando uma taxa de ocupação de 84,8% das vagas de UTI Covid e de 76,2% dos leitos clínicos. O novo prefeito de Manaus disse que dialoga com os gestores de um hospital-universitário particular para poder oferecer mais vagas de leitos clínicos.


A posse de Edmilson Rodrigues para o seu terceiro mandato como prefeito contou com a presença do presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros. “Será a oportunidade de mostrar o nosso jeito de fazer as coisas”, afirmou o líder do partido, que acredita ainda que Belém será uma “vitrine para o Brasil”, no que diz respeito à políticas de inclusão e redistribuição de renda.


No discurso, o novo prefeito de Belém prometeu instituir uma força-tarefa para combater as enchentes e alagamentos que prejudicam sobretudo os bairros periféricos da capital do Pará. Rodrigues era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) durante seus dois últimos mandatos (1997-2004). Depois, integrou a bancada do Psol na Câmara Federal, eleito deputado por dois mandatos consecutivos (2015-2020).


Fonte: Amazônia Real

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