top of page
Buscar

Cresce endividamento das famílias e situação piora em casas chefiadas por mulheres

Elas foram as que mais perderam postos de trabalho durante a pandemia, recebem menores salários e são responsáveis pelo sustento de quase metade dos lares brasileiros

Foto: Roberto Parizotti

Mais de 70% das famílias brasileiras ficaram endividadas no primeiro semestre deste ano. Esse foi o maior patamar de endividamento familiar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), iniciada em 2010.

Em primeiro lugar, é preciso diferenciar endividamento de inadimplência. Endividamento é quando as famílias vão buscar crédito (geralmente empréstimos) para pagar contas e manter o padrão de vida. Inadimplência é o não pagamento das dívidas. E ela também cresceu: a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até dez salários mínimos aumentou de 27,1% em maio para 28,1% em junho.

O aumento da inflação — em especial sobre produtos básicos como alimentos, transporte e gás de cozinha –, altas taxas de desemprego, gasolina mais cara, aumento da conta de luz, são os principais responsáveis por 69,7% das famílias brasileiras terminarem o primeiro semestre endividadas.

O campeão no endividamento é o pagamento da fatura de cartão de crédito que corresponde a 81,8%, seguido por financiamento de carros e imóveis (15%) carnês de lojas e crédito pessoal.

“O mecanismo é o mesmo. A crise econômica afeta toda a classe trabalhadora, mas é sobre as mulheres que a fatura da conta vem mais alta e mais pesada”, afirma Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

Atualmente, quase metade dos lares brasileiros são sustentados por mulheres. Segundo o IBGE, o percentual de casas com comando feminino saltou de 25% em 1995 para 45% em 2018 e já chega a 34,4 milhões. No entanto, pesquisas mostram que, geralmente, mesmo sendo responsáveis pelo sustento de suas famílias, as mulheres brasileiras ganham cerca de 27% a menos do que os homens.

No bojo dessa responsabilidade, as mulheres foram as que mais perderam postos de trabalho por conta da pandemia.

Em 2020, tivemos um aumento 627 mil mulheres em situação de desalento. Enquanto entre os homens, nesse período, o aumento foi de 390 mil. Praticamente o dobro das mulheres foram para uma condição de desalento nesse período.

Uma pessoa “desalentada” significa que desistiu de procurar trabalho por alguma razão: pode ser quem não tinha com quem deixar tarefas de cuidado; quem cansou de procurar; ou não tem recurso para buscar trabalho. Em 2014, a taxa de desalento no Brasil era de 1 milhão e meio de pessoas. Hoje, os desalentados são 5 milhões e 700 mil. Ou seja, o desemprego dobrou e a categoria de “desalentado” quatruplicou.

“As mulheres são mais impactadas porque têm rendimentos menores em suas ocupações; porque possuem menos economia de reserva, como poupança e outros investimentos; estão desproporcionalmente presentes na economia informal; possuem menos acesso à proteção social; e também são a maioria das famílias monoparentais”, disse. Ela lembrou ainda que as mulheres têm maiores chances de serem sobrecarregadas com o trabalho doméstico e de cuidado não remunerado e assim terem que deixar o mercado de trabalho”, afirmou a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Angélica Abreu em transmissão realizada pela Câmara Federal.

O prognóstico também não é animador. Neste mês de julho, começa a incidir reajustes de tarifas de energia, pedágio e saneamento, que vão pesar ainda mais nas despesas das famílias e nos índices de inflação, contribuindo para o reajuste de diversos itens da cesta básica.

“Mais do que nunca a solidariedade e a mobilização contra esse governo devem andar juntas para que possamos reverter esse cenário e fazer o país crescer novamente com distribuição de renda”, finalizou Anne.


Fonte: Agência PT

bottom of page