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Museu das Missões resguarda maior coleção pública de imagens sacras


O Museu das Missões foi projetado em 1938 pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa com a intenção de abrigar, em um só local, esculturas sacras missioneiras e os fragmentos arquitetônicos das antigas reduções que se encontravam espalhados pela região (Foto: Divulgação)

Proteger e resguardar a maior coleção pública de imagens sacras missioneiras em madeira policromada dos séculos XVII e XVIII da América Latina e uma das maiores do mundo é um dos objetivos do Museu das Missões, no Rio Grande do Sul. A instituição, administrada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cidadania, expõe uma rica coleção da arte colonial elaborada pelos índios guaranis nas reduções jesuíticas do Brasil.

O museu faz com que o visitante reflita em relação à história das reduções missionais na América do Sul. Para os jesuítas, uma redução era definida como a reunião de um grupo numeroso de indígenas em povoados para facilitar o trabalho de conversão ao cristianismo. A cidade gaúcha de São Miguel das Missões abrigou a mais importante redução jesuítica existente no Brasil. Fundada em 1687, chegou a reunir, no auge, quase cinco mil habitantes, entre indígenas e religiosos. Após ser incendiado, restaurado e repovoado, o local acabou saqueado no início do século XIX e viu seus moradores irem embora. Hoje, essas ruínas, que foram tombadas como patrimônio brasileiro e da humanidade formam o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo.

O museu foi projetado em 1938 pelo arquiteto, urbanista e professor Lúcio Costa com a intenção de abrigar, em um só local, esculturas sacras missioneiras e os fragmentos arquitetônicos das antigas reduções que se encontravam espalhados pela região. Em 1940, o museu foi criado e, em 1941, foi aberto ao público.

O acervo completo do Museu das Missões é formado por cinco artefatos de metal, 85 esculturas religiosas de madeira e arenito, 51 fragmentos de madeira, 41 fragmentos arquitetônicos de arenito e madeira, duas peças arqueológicas de cerâmica e aproximadamente 150 documentos em suporte de papel. O museu é abrigo de vasta coleção de imagens sacras de características barrocas, o maior conjunto público de imagens missioneiras em madeira policromada da América do Sul e uma das coleções mais importantes do mundo nesse gênero.

O museu é abrigo de vasta coleção de imagens sacras de características barrocas, o maior conjunto público de imagens missioneiras em madeira policromada da América do Sul (Foto: Divulgação)

As 85 esculturas sacras de tamanhos que variam entre dezessete centímetros e mais de dois metros. Além de tais peças, fragmentos materiais representantes da vida cotidiana missional também se encontram atualmente sob a guarda do museu e fazem parte da exposição de longa duração aberta ao público. Nesse caso, trata-se de artefatos de metal, fragmentos de madeira, elementos arquitetônicos e peças arqueológicas encontradas e recolhidas na região missioneira.

Com quase oito décadas na preservação do legado missioneiro, o Museu das Missões foi o primeiro prédio construído pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para servir de museu e o único projeto do gênero desenvolvido por Lúcio Costa. Vale lembrar que Costa ficou conhecido mundialmente por ter projetado a capital federal brasileira ao lado de Oscar Niemeyer. “É a primeira intervenção de arquitetura moderna em sítio histórico do país. Ele [o visitante] vai poder ter contato com essa intervenção feita aqui”, conta o diretor do museu, Diego Luiz Vivian. “Então, além do acervo museológico institucional, que é a maior coleção pública do Mercosul de imagens missioneiras em madeira, a própria edificação do museu, o Pavilhão Lúcio Costa e a Casa do Zelador estão inscritos no inventário da Unesco”, destaca Diego, que é historiador de formação.

A construção de um “repertório biográfico” sobre o museu, entre os anos de 1937 e 1987, revelou informações sobre ‘personagens’ que fizeram parte da história do museu: da família do primeiro zelador, que viveu em anexo ao museu por cerca de 60 anos, a técnicos, arquitetos e engenheiros envolvidos nas obras de construção. Diego explica que, para entender bem o museu, é preciso conhecer o sítio arqueológico de São Miguel das Missões. “Porque a visitação, em tese, começaria pelo sítio porque daí o visitante tem uma noção do que era toda aquela redução, todos aqueles índios que moravam aqui, as casas, é isso que permaneceu nesses remanescentes arqueológicos e a fachada da antiga igreja”, detalha o diretor.

As relíquias armazenadas no Museu das Missões quase foram perdidas em 2016, quando o museu foi atingido por um tornado seguido de fortes chuvas que provocaram danos nas instalações físicas e em parte do acervo. Felizmente não houve prejuízo irremediável, mas o museu ficou fechado por cerca de um ano para que uma obra emergencial de recuperação do museu fosse realizada pelo Iphan, com recursos do Fundo Nacional da Cultura (FNC).

Serviço

Com a entrada gratuita, o Museu das Missões fica na Rua São Luiz, S/Nº – Centro, São Miguel das Missões – RS. Funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. Tel: (55) 3381-1291 Email: museu.missoes@museus.gov.br

Fonte: Secretaria Especial da Cultura/Ministério da Cidadania

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