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China e América Latina devem avançar juntos na revolução digital, diz CEPAL


Xangai, China. Foto: ONU-Habitat/Julius Mwelu

É necessário trabalhar para que a América Latina e o Caribe avancem junto com a China rumo à revolução digital, à economia verde e às políticas sociais conectadas com as industriais para gerar emprego e combater as desigualdades.

A declaração foi feita esta semana pela secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, durante o encerramento do primeiro fórum acadêmico de alto nível CELAC-China, realizado na sede do órgão das Nações Unidas em Santiago, no Chile.

O evento, que incluiu também o quarto fórum de think tanks da América Latina, Caribe e China, reuniu durante dois dias autoridades, especialistas e professores que debateram as oportunidades de cooperação para dar insumos ao próximo Plano de Cooperação CELAC-China 2019-2012, que será discutido durante a Segunda Reunião de Ministros de Relações Exteriores da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e China, que ocorre em 21 e 22 de janeiro, em Santiago.

Em seu discurso no encerramento do encontro, a secretária-executiva da CEPAL chamou ambas as partes a unir visões para fomentar um desenvolvimento sustentável com prosperidade para os povos.

“Tal como disse o presidente Xi Jinping quando nos visitou na CEPAL em novembro de 2016, é o momento de construir pontes, não muros; de abrir os mercados, não de fechá-los; de respeitar o diferente e construir uma casa comum para as gerações que estão por vir”, disse Bárcena.

A alta funcionária das Nações Unidas lembrou que, na quarta-feira (18), o presidente Xi Jinping afirmou na abertura do 19º Congresso do Partido Comunista da China em Pequim que seu país está em uma luta flagrante contra a corrupção e a pobreza.

“Temos que ter essa mesma luta em nossa região. Se não erradicarmos esses males e a cultura dos privilégios, não poderemos estabelecer acordos construtivos de nova geração de mútuo benefício, nem poderemos trabalhar na provisão de bens públicos globais como a China demonstrou com seu compromisso de fomentar a paz, a igualdade, o multilateralismo e a estabilidade financeira”, disse.

Bárcena disse que, uma vez que tanto América Latina e Caribe como a China pertencem ao “mundo emergente”, há problemas parecidos. Ela destacou a capacidade da China de gerar grandes mudanças em um cenário de muita incerteza, o que é um exemplo para a região.

“Mais que uma época de mudanças, vivemos uma verdadeira mudança de época, com aceleradas transformações demográficas, a revolução tecnológica (conhecida como a Quarta Resolução Industrial) e os efeitos das mudanças climáticas. Estamos em um momento muito crítico”, disse.

A China pode ajudar a estabelecer um grande equilíbrio no nível mundial ao fazer frente a todas essas incertezas e desequilíbrios macroeconômicos, tecnológicos e geopolíticos que estamos enfrentando, completou.

“China, América Latina e o Caribe unidos podem ser um contrapeso muito importante para enfrentar

esses problemas. Para isso, devemos ser capazes de gerar um programa de trabalho conjunto, similar à (iniciativa de investimentos chinesa) ‘One Belt, One Road’, lançada em maio passado em Pequim”, disse.

Bárcena lembrou que a China se tornou o segundo parceiro comercial da América Latina e do Caribe, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, e é também um importante investidor estrangeiro na região.

Insistiu que o principal desafio para a nossa região em sua relação com o país asiático é como diversificar suas exportações: apenas cinco produtos (grãos de soja, minério de ferro e de cobre, petróleo e cobre refinado) representam quase 70% do valor total exportado à China.

Além disso, os investimentos chineses na região reforçam esse padrão, já que cerca de 90% deles se dirigem a atividades extrativas (principalmente mineração e petróleo).

Por isso, insistiu na necessidade de que o investimento estrangeiro chinês que chega à região ajude a gerar maior valor agregado e não se centre exclusivamente nos setores extrativos. Assim poderá contribuir melhor para o desenvolvimento sustentável e a mudança estrutural que ambas as partes buscam, explicou.

“O Plano de Cooperação 2015-2019 entre a CELAC e a China nos dá uma oportunidade. A CEPAL quer ser parte desse processo e ajudará a dar prosseguimento na relação entre as partes. Temos um compromisso total com este tema”, anunciou Bárcena.

Por sua vez, o diretor-geral do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ILAS-CASS), Wu Baiyi, agradeceu a CEPAL por ter acolhido este fórum, “que serviu muito pra a compreensão e o conhecimento mútuo, assim como para fomentar a confiança entre China e a região da América Latina e o Caribe”, disse.

“Espero que as conclusões deste primeiro fórum acadêmico sejam construtivas para a reunião de chanceleres que será realizada em janeiro”, completou.

O primeiro fórum acadêmico de alto nível CELAC-China foi realizado na sede da CEPAL na terça (17) e quarta-feira (18), convocado por ILAS-CASS, Instituto do Chile (sede da academia chilena), CEPAL e Ministério de Relações Exteriores chileno.

Fonte: ONU/Foto: ONU-Habitat/Julius Mwelu

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