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Alepa combate o tabagismo dentro e fora do Parlamento


Nesta terça-feira (29/08), é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Na Assembleia Legislativa do Pará, o cuidado e a prevenção aos malefícios causados pelo hábito de fumar são antigos e fazem parte da produção legislativa da Casa. Um exemplo é o Projeto de Lei que proíbe o fumo em órgãos da administração pública do Estado, apresentado pelo deputado Márcio Miranda (que hoje é o Presidente da Alepa), em 2007. A proposição foi aprovada e transformada na Lei Estadual nº. 7094/2008. Apenas seis anos depois, em 2014, foi criada a Lei Anti-Fumo no Brasil, em 2014.

Cartazes em pontos estratégicos na sede do Poder legislativo alertam para o risco do hábito de fumar e o Departamento de Bem Estar Social (DBES) está à disposição para atender e orientar os servidores e o público. Mas as campanhas de conscientização não parecem ser suficientes para sensibilizar os fumantes para o risco de contrair doenças graves, como o câncer de pulmão. Quando os cuidados com a saúde não bastam, é preciso usar outros argumentos. Um deles é o alto custo que o hábito de fumar tem para os usuários e para a sociedade.

O fumante dificilmente faz as contas para saber quanto gasta com cigarros por mês. Mais difícil ainda é encontrar uma pessoa não fumante que tenha essa noção. Mas o Instituto Nacional do Câncer (INCA) fez os cálculos e os números impressionam.

A produção e o consumo de produtos derivados do tabaco geram importantes impactos socioeconômicos, ignorados pela população. O impacto começa pelo bolso do consumidor. Ao considerar que um maço de cigarro fabricado no Brasil custa, em média, R$7, o usuário que consome um maço diariamente, no fim do mês tem um gasto de R$210, o equivalente a 22,41% do salário mínimo.

Em cinco anos, esse fumante gasta R$ 12.600,00 com cigarro (1.800 maços). Com esse valor, poderia comprar uma motocicleta, por exemplo. Em 12 anos, teria fumado 4.320 maços de cigarro ao custo de R$ 30.240,00, o suficiente para comprar um carro popular.

O comerciante Julião Sozinho, de 61 anos, começou a fumar aos 14 anos. Fumou durante 44 anos e sabe bem que era um vício caro. “Gastava bastante com cigarro. Cheguei a fumar três maços por dia, depois diminuí a quantidade”, lembra. “Eu já comprava pacotes quando ia ao supermercado.

Era, em média, R$ 400,00 por mês. Mas era um gasto que não me incomodava, porque a gente sente falta do cigarro, fica acostumado com o fumo e compra sem reclamar”, explica Julião.

Mas o maior prejuízo, para a saúde, ele já não pode evitar. Julião começou a sentir fortes dores de cabeça. Nos exames médicos, descobriu um tumor no cérebro e operou em abril do ano passado. Mas o câncer não estava só na cabeça, os médicos descobriram que havia metástase, com dois tumores no pulmão e um no rim. “Desde então, eu faço quimioterapia. O tratamento até agora deu bons resultados, porque só resta um tumor no pulmão e ele já diminuiu 70%. Se Deus quiser, vai dar tudo certo!”, torce.

Na Assembleia Legislativa do Pará, a preocupação com o combate ao fumo e a prevenção de doenças é constante. Cartazes em pontos estratégicos na sede do Poder legislativo alertam para o risco do hábito de fumar e o Departamento de Bem Estar Social (DBES) está à disposição para atender e orientar os servidores e o público.

ESTUDO GENÉTICO - Segundo uma pesquisa realizada pelo Laboratório Nacional de Los Álamos (EUA), publicada no início deste mês na revista Science, quem fuma um maço de cigarros por dia acumula, em um ano, cerca de 150 mutações nas células dos pulmões.

Outras partes do corpo também apresentam mutações associadas ao cigarro, o que explica porque o cigarro causa tantos tipos diferentes de tumores. Nos fumantes, foram observadas 97 mutações a mais na laringe, 39 na faringe, 23 na boca, 18 na bexiga e seis em todas as células do fígado.

O novo estudo genético é o primeiro a estabelecer uma ligação direta entre o número de cigarros fumados ao longo da vida e o número de alterações moleculares causadas pelo fumo no DNA de células com tumores. A análise demonstrou que o fumo danifica o DNA, além de acelerar o relógio celular que controla as mutações nas células, afetando assim órgãos direta e indiretamente expostos à fumaça, explicam os cientistas.

“Os tumores de pulmão estão diretamente relacionados ao consumo de tabaco, que está na origem de 90% dos casos. Neste ano, a estimativa do INCA é de 28.220 novos casos de câncer na traqueia, brônquios e pulmão”, lamenta a oncologista clínica Paula Sampaio, do Centro de Tratamento Oncológico. “As pesquisas já comprovaram que o fumo está relacionado a cerca de 17 tipos diferentes de câncer”, lembra a médica.

RISCOS - Cerca de 4.720 substâncias estão presentes na fumaça dos derivados do tabaco e tornam o hábito de fumar o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão e outros tipos de tumores.

Na Região Norte, de acordo com a estimativa do INCA, o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre os homens e o quinto entre as mulheres. Paula Sampaio explica que a incidência da doença é proporcional ao tempo de exposição aos fatores de risco. “Por isso, pessoas que fumam ou estão expostas à fumaça do cigarro durante muitos anos correm um risco maior de ter câncer de pulmão”, diz ela. "Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver a doença".

OS MAIS AFETADOS - O consumo de produtos derivados do tabaco está inserido no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde como uma dependência química, que faz com os fumantes se exponham a milhares de substâncias tóxicas, das quais 60 são reconhecidamente cancerígenas para humanos. A Organização Mundial da Saúde também chama a atenção para o fato de o tabagismo ser uma doença pediátrica, pois 80% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos, sendo 15 anos a idade média da iniciação. Aproximadamente 100 mil jovens começam a fumar no mundo a cada dia e 80% desses jovens vivem em países em desenvolvimento.

No Brasil, o levantamento feito em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 15 milhões de pessoas - 10,4% da população brasileira com mais de 18 anos - são fumantes. No mesmo ano, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar constatou que 19% dos adolescentes entre 13 e 15 anos já experimentaram o fumo.

MUDANÇA NOS HÁBITOS - Em 12 anos, câncer se tornará a principal causa de mortes, por doença, no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que até os 75 anos de idade um em cada cinco brasileiros vai desenvolver algum tipo de câncer. A oncologista clínica Paula Sampaio destaca que precisamos não só de medidas mais eficazes na política pública de saúde. “A população também precisa fazer a sua parte. Ou seja, manter hábitos saudáveis e fazer os exames preventivos”, avalia a médica.

São cerca de 600 mil novos casos estimados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2017 e a melhor maneira de diminuir as chances de ter câncer passa pela adoção de um estilo de vida saudável, o que significa seguir recomendações já bem conhecidas, como praticar atividades físicas regularmente e ter uma boa alimentação.

A oncologista Paula Sampaio ressalta que existem alguns tipos de câncer que são considerados evitáveis, pois possuem relação direta com o estilo de vida. A médica cita estatísticas oficiais, que comprovam os benefícios da chamada prevenção primária, que é aquela capaz de evitar o câncer.

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, destaca Paula.

Fonte: Alepa - por Dina Santos

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