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Cientistas alertam para o aparecimento de serpentes nas cidades durante o inverno amazônico


Crédito: Museu Goeldi

O início das chuvas na Amazônia traz uma preocupação para os cientistas: o deslocamento de animais silvestres, especialmente as cobras, para as cidades. Em busca de alimento e abrigo, esses animais costumam ser encontrados em ambientes urbanos durante o "inverno amazônico", quando chove muito na região. As serpentes permanecem entocadas até que a estação chuvosa torne o solo encharcado, levando-as a procurar lugares mais secos para se abrigar. É o caso da jararaca.

"A Bothrops atrox, a jararaca, é uma cobra comum e facilmente encontrada em cidades do Norte do Brasil, porque está adaptada para viver em ambientes modificados pelo homem, considerando que se alimenta de ratos. Sabemos que ratos proliferam em ambientes sujos, e as cobras vão atrás de ratos. Essa é uma relação direta. Elas são responsáveis por controlar as populações desses pequenos roedores", explica a zoóloga Ana Prudente, curadora da Coleção de Herpetologia do Museu Goeldi.

Com 1,5 metro de comprimento, a jararaca é responsável pelo maior número de acidentes envolvendo serpentes venenosas em áreas urbanas da região Norte. Apenas no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, em Belém (PA), cinco jararacas foram encontradas no mês de fevereiro, época de muita chuva. A base do museu fica próxima a áreas remanescentes de floresta, numa região marcada por problemas de saneamento básico e coleta de lixo.

"Essas cobras ficam mais ativas durante a noite. [As jararacas] encontradas no Museu Goeldi estavam provavelmente dormindo num lugar seco e saíram quando o pessoal começou a roçar o mato", afirma Ana Prudente.

Ela alerta que lugares próximos às matas devem permanecer roçados e limpos. E é de grande importância que a manutenção e a limpeza de jardins e áreas externas sejam feitas por pessoas usando equipamentos de proteção individual: perneiras, tornozeleiras e luvas. "Deve-se evitar tirar o mato com as mãos, pois 90% dos acidentes com jararaca ocorrem até a altura do joelho, nos pés, mãos e braços."

Quando são encontradas no campus do Goeldi, os pesquisadores recolhem as serpentes para avaliação. "Às vezes, a cobra chega acidentada por um facão ou roçadeira e acaba morrendo, sendo incorporada à coleção. Se é uma serpente que não é venenosa ou não faz parte do nosso grupo de interesse, ela é solta no próprio campus. Se é uma serpente peçonhenta, tomamos o cuidado de levá-la para local seguro e adequado", diz a zoóloga.

Coleção

Como instituição científica, o Museu Goeldi tem licenças para coletar animais para determinados estudos. Assim, o acervo de herpetologia possui mais de 95 mil exemplares de anfíbios e répteis, principalmente da região amazônica.

Os animais são preservados na grande maioria em via úmida (álcool), contando também com alguns indivíduos em via seca, como é o caso das carapaças e esqueletos dos quelônios. O acervo conta também com amostras de tecidos para estudos moleculares.

Cuidados

No caso de um encontro imprevisto com uma cobra, a pesquisadora Ana Prudente recomenda que não se tente pegar o animal. "É preciso afugentá-la ou chamar alguém que saiba pegá-la." Ela também chama a atenção para uma limitação das cobras na hora do ataque. "O bote chega, no máximo, a um terço do comprimento de uma cobra. Então, um animal de um metro de comprimento vai dar um bote de 30 centímetros, no máximo. Se você ficar a uma distância segura, a cobra nunca vai te tocar."

No caso de um acidente envolvendo uma serpente, deve-se lavar o local e permanecer sentado ou deitado, evitando caminhadas. Isso porque, no caso da picada de uma serpente venenosa, quanto mais se aumenta a circulação sanguínea, mais o veneno é distribuído pelo corpo. "O ideal é que, estando em qualquer centro urbano, a pessoa seja encaminhada o mais rápido possível a uma unidade de saúde."

No local, é importante informar o profissional de saúde sobre a serpente que provocou o acidente para que seja administrado o soro antiofídico adequado.

A pesquisadora acrescenta que, embora despertem medo, nem toda cobra é venenosa. Além disso, elas procuram espaços urbanos por causa de desequilíbrios no meio ambiente. "Matar animais silvestres é crime ambiental".

Fonte: MCTIC/Foto - Crédito: Museu Goeldi

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