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Técnicas aumentam produtividade da mandioca no Amazonas


Divulgação/Embrapa

Com a adoção de técnicas simples, utilizando a mesma área e sem grandes investimentos, o agricultor do Amazonas pode aumentar a produção de mandioca, reduzir custos de produção e aumentar seu lucro. É o que apresenta o projeto Manareiro, coordenado pela Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Manaus (AM).

Dentre diversas ações, o projeto busca capacitar produtores com recomendações técnicas e tecnologias para o cultivo e incremento da produtividade da cultura da mandioca.



A próxima atividade de capacitação do projeto acontece nesta sexta-feira (22), no município de Careiro-Castanho, com a oficina 'Boas Práticas para o Manejo da Cultura da Mandioca' e implantação de uma Unidade de Observação, onde são apresentadas as orientações técnicas e a demonstração prática para um plantio com esses métodos.

Cerca de 25 agricultores participam da atividade, que será realizada na propriedade onde fica a Casa de Farinha da comunidade no Projeto de Assentamento Panelão, no município de Careiro-Castanho (AM). Unidade de observação

Na localidade do Janauacá, município de Manaquiri (AM), também foi implantada uma Unidade de Observação para socializar estas práticas, já conhecidas em outras regiões, mas ainda pouco utilizadas em alguns locais do Amazonas, onde o sistema predominante de cultivo da mandioca se baseia no processo rudimentar de derruba e queima.

"Esses métodos baseiam-se na mudança de procedimentos de cultivo, sem repercutir em custos financeiros adicionais para o produtor e podem alavancar a produção de mandioca no interior do Amazonas, aumentar a disponibilidade de produtos e subprodutos da mandioca no mercado e melhorar a qualidade de vida das famílias agricultoras", afirma o engenheiro agrônomo da Embrapa, Raimundo Rocha, coordenador do projeto.

"Hoje os produtores do Janauacá, por exemplo, estão obtendo uma produtividade média de 6,4 toneladas de raízes de mandioca por hectare, esta é a mesma realidade de muitos agricultores no Amazonas", informa Rocha. No sistema de produção apresentado pela Embrapa, a perspectiva é obter produtividade superior a 25 t/ha, ou seja quatro vezes mais que a atual.

Trio da Produtividade

Uma das alternativas apresentadas pelo projeto e colocadas em prática na Unidade de Observação como sugestão aos agricultores, é a tecnologia chamada de "Trio da produtividade", que consiste na seleção de manivas-sementes e corte em ângulo de 90o, adequação do espaçamento de plantio conforme arquitetura da planta e controle de plantas daninhas nos primeiros 150 dias pós-plantio.

A tecnologia foi lançada pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA) e vem sendo adotada em diversos municípios paraenses ajudando a incrementar a produção de mandioca naquele estado, que há alguns anos é o maior produtor de mandioca do País.

Rocha explica que, aliado ao trio da produtividade, se o produtor realizar a correção da acidez do solo por meio de calagem e seguir as recomendações para adubação fosfatada no plantio e de cobertura aos 45 e 90 dias com nitrogênio e potássio, a produtividade em vez de duplicada poderá ser triplicada. O agrônomo da Embrapa informa que esse incremento na produtividade, além de amortizar 100% do custo da fertilização, proporciona uma receita líquida significativa, quando comparada ao sistema de cultivo tradicional sem o uso dessas tecnologias.

"É claro que essa diferença de produtividade também se reflete nos lucros do agricultor, ainda mais agora que o cenário está indicando uma queda nos preços dos derivados da mandioca. Vale lembrar que em 2013, a farinha de mandioca teve um aumento de 500% em seu valor no Amazonas e 151% no País", observa Rocha. Um dos motivos da elevação do preço da farinha no ano passado chama a atenção: a diminuição da oferta de mandioca, principalmente pela redução da área plantada em diversas regiões do País.

Métodos demonstrados

Uma das principais etapas para garantir o maior potencial de produção da mandioca é a seleção das manivas-sementes, que são hastes da planta utilizadas para o plantio. A maniva deve ter qualidade, ser madura, sadia e sem ferimentos. Também deve ser cortada corretamente, ter de 1,5 cm a 3 cm de diâmetro e tamanho de, aproximadamente, 20 cm, com cinco ou seis gemas. O cuidado na seleção da maniva já pode garantir um aumento entre 30% e 50% da produtividade.

Outra ação simples, recomendada pelo projeto, é o espaçamento entre plantas de 1,0 x 1,0 m, e o plantio em linha. Assim, é possível colocar 10 mil plantas por hectare. Essa quantidade permite maior rendimento do que na forma de plantio da comunidade Janauacá onde as plantas ficam dispersas, em torno de 7 mil por hectare, e quase a metade se perde por não se usar manivas selecionadas.

Além de permitir o aumento do número de plantas por hectare, o espaçamento adequado repercute na diminuição de um custo importante para o produtor: "Com o espaçamento certo, o gasto com o controle de plantas daninhas pode cair pela metade, ou seja, o produtor começa a utilizar a planta em seu benefício", destacou Rocha.

A seleção da maniva e o espaçamento apropriado são métodos que o agricultor pode fazer sem gastar a mais. "É preciso aproveitar melhor os insumos destes agricultores, que são a mão de obra e a maniva", completou. "No Janauacá, há cerca de 60 agricultores que produzem mandioca. Eles já têm a maniva, então é só orientar como se faz uma boa seleção", destacou Rocha.

O sistema implantado na Unidade de Observação também apresenta a calagem (correção da acidez do solo com calcário) e a adubação como boas alternativas para o produtor de mandioca. A calagem e adubação têm custo, mas, em contrapartida, oferecem um incremento importante na produtividade da cultura.

Agricultores acompanham

As Unidades de Observação implantadas pelo projeto Manareiro cumprem o importante papel de ser a comprovação da capacidade produtiva do sistema, dentro das comunidades de agricultores. Os agricultores participam da implantação e acompanham o desenvolvimento do trabalho.

Aliados à demonstração estão os números. Para que os produtores de mandioca das comunidades que participam do projeto Manareiro tenham conhecimento sobre a lucratividade que as técnicas e tecnologias podem gerar, Rocha usou a matemática e colocou tudo na ponta do lápis. De certa forma, a proposta também é incentivar os produtores para o uso de ferramentas administrativas na gestão financeira da atividade agrícola.

Sistema em números

Tomando como exemplo uma propriedade da comunidade Janauacá, com o método utilizado atualmente pelos produtores de lá, são gastos R$ 7.280,00/ha para implantação do plantio, colheita, transporte e beneficiamento da mandioca.

Com a produção obtida de 6,4 toneladas, é possível beneficiar duas toneladas de farinha, o que gera uma receita bruta de R$ 4 mil. A receita líquida do produtor nesse caso é negativa, com um prejuízo de R$ 3.280,00. Boa parte desse valor não sai do bolso do agricultor, já que é a sua própria mão de obra. Esses custos referem-se exclusivamente à mão e obra, que se fossem pagas seriam 182 diárias de R$ 40,00, em média, envolvendo serviços diversos.

Em algumas das atividades, a mão de obra é familiar e em outras é terceirizada, dependendo de cada agricultor. Para contabilizar os custos de produção, no entanto, tanto a mão de obra familiar como a terceirizada devem ser calculadas. "De toda forma, o agricultor precisa entender que a mão de obra, mesmo sendo familiar, é um custo, e deve entrar na conta, e nessa conta o produtor está tendo déficit", destacou Rocha.

Por outro lado, o sistema de produção de mandioca apresentado pela Embrapa oferece uma produção quatro vezes maior. Com a produção de 25 toneladas, a receita bruta é de R$ 12,5 mil.

Outros fatores influenciam o lucro maior nesse sistema, como a redução dos custos devido às técnicas que diminuem a necessidade de mão de obra. Assim o custo de produção fica em R$ 5.490,00, sendo contabilizada também a mão de obra e o acréscimo de R$ 1.650,00 em gastos com adubação e calcário. Retirado os custos de produção, resta para o agricultor R$ 7.010,00.

Manareiro

O Manareiro – Estratégia de multiplicação rápida de variedades superiores de mandioca para o aumento da produção de farinha e fécula no Estado do Amazonas – é um projeto desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM) nos municípios amazonenses de Manaquiri e Careiro Castanho.

O projeto tem como objetivo incrementar a produção de farinha e fécula no Estado do Amazonas por meio da disponibilização de manivas-sementes de cultivares de mandioca com alto teor de amido. Os recursos para o projeto são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).


Fonte: Portal Brasil, com informações da Embrapa

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