No relançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público nesta quarta-feira (23), participantes de seminário sobre o setor centraram suas críticas na reforma administrativa anunciada pelo governo. A proposta ainda não foi enviada para o Congresso, mas ideias que vêm sendo declaradas por integrantes do governo, como o fim da estabilidade para várias carreiras e a redução de salários, foram atacadas.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre citou o Chile como exemplo, mas agora a população daquele país está nas ruas por mais qualidade de vida. Muitos sindicalistas presentes lembraram que o sistema de saúde e o ensino superior chilenos são pagos.
Fontana disse que reduzir a importância dos servidores públicos facilita a privatização de serviços e empresas. "Não podemos aceitar a metodica criminalização do serviço público que está sendo feita por estes governos de porte ultraliberal por absoluto interesse corporativo daqueles que querem comprar o que é público e daqueles que querem atuar com liberdade plena para ampliar a sonegação de impostos e para desamarrar controles de interesse público, que garantem o interesse da sociedade. Esse é o jogo do poder."
Vilani Oliveira, da CUT, disse que várias centrais vão fazer um ato contra a privatização e em defesa do serviço público no próximo dia 30. "Primeiro sucateiam o serviço público, depois vendem para a população a ideia de que é incompetência do servidor público. Isso tudo para depois colocar a privatização em curso. "
Reformas A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), uma das coordenadoras da frente, disse que os servidores públicos e os trabalhadores em geral já serão bastante prejudicados pela reforma da Previdência, aprovada pela Câmara e o Senado.
O deputado Danilo Cabral (PSB-PE), outro coordenador da frente, disse que as reformas vêm sendo feitas para assegurar o pagamento dos juros da dívida pública que respondem por metade do orçamento brasileiro. Segundo ele, os bancos vêm tendo lucros históricos. No segundo trimestre deste ano, os quatro principais bancos tiveram lucro de mais de R$ 20 bilhões, o maior desde 2006.
O consultor de entidades sindicais Vladimir Nepomuceno disse que boa parte das propostas que vêm sendo elencadas para a reforma administrativa fazem parte de estudos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, realizados em 2017. Alguns exemplos de medidas que poderiam ser adotadas são a redução de jornada com redução de salário, a fusão e extinção de carreiras, e a redução do salário de entrada no serviço público.
Fonte: Agência Câmara