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Fome atinge níveis inaceitáveis para o século 21 em países em guerra, diz FAO


Quando o conflito armado começou no Iêmen, em 2015, o país já era considerado um dos mais pobres do mundo. Foto: (Crédito: PMA/Reem Nada)

Em oito países em conflito, 56 milhões de pessoas precisam urgentemente de doações de comida e de assistência em meios de subsistência, revela um relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Para o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, populações em zonas de guerra vivem com taxas de fome “inaceitáveis no século 21”.

A pesquisa das duas agências da ONU foi preparada para o Conselho de Segurança, que adotou em maio de 2018 uma decisão histórica sobre a prevenção da fome em regiões de conflito. A resolução 2417 do organismo condena o uso da fome como ferramenta de guerra e pede que as partes de confrontos armados minimizem o impacto de ações militares em estruturas e redes de produção e distribuição de alimentos.

O relatório Monitoramento da Segurança Alimentar em Países com Situações de Conflito mostra que, ao final de 2018, conflitos agravaram as necessidades alimentares de populações no Afeganistão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Iêmen. As consequências devem se prolongar por 2019.

Em território afegão, por exemplo, se doações urgentes de comida não forem fornecidas, a porcentagem de moradores das zonas rurais que vão viver com déficits alimentares agudos deverá atingir 47% — ou 10,6 milhões de pessoas — até março.

Na Bacia do Lago Chade, incluindo o nordeste da Nigéria e as regiões de Chade e Diffa, que vivem com a presença do Boko Haram, a fome deve piorar durante a baixa estação produtiva deste ano (junho-agosto de 2019). Segundo a FAO e o PMA, estima-se que 3 milhões de pessoas vão enfrentar fome aguda.

No Sudão do Sul, onde conflitos civis persistem por mais de cinco anos, a baixa temporada produtiva deve começar mais cedo do que o normal em 2019, de acordo com a publicação das agências da ONU. Com isso, mais de 5 milhões de pessoas deverão precisar de assistência humanitária urgente para ter o que comer.

Na República Centro-Africana, o conflito armado foi o principal motor da fome em 2018, deixando 1,9 milhão de pessoas com graves defasagens em sua dieta.

Também no ano passado, durante o segundo semestre, a República Democrática do Congo teve o segundo maior número de pessoas com insegurança alimentar aguda (13 milhões de indivíduos) no mundo. A causa foi o agravamento do conflito armado.

“Eu recomendo fortemente que você tenha em mente que, por trás dessas estatísticas frias, estão pessoas reais experimentando taxas de fome que são simplesmente inaceitáveis ​​no século 21”, afirma Graziano da Silva no prefácio do relatório.

Já o diretor-executivo do PMA, David Beasley, cobra melhorias no acesso de agências humanitárias às populações. “Precisamos de um acesso melhor e mais rápido em todas as zonas de conflito, para que possamos chegar a mais civis que precisam da nossa ajuda. Mas o que o mundo precisa, acima de tudo, é o fim das guerras”, diz o dirigente.

O relatório destaca que a violência contra os trabalhadores humanitários está crescendo, o que muitas vezes força as organizações a suspender suas operações e privar as populações vulneráveis ​​de assistência. Em 2018, profissionais de ajuda e instalações foram atacados em todos os países analisados pelo levantamento.

A pesquisa reitera que o crescente número de conflitos prolongados está criando níveis de fome inaceitáveis e sem precedentes no mundo.

A guerra de três anos do Iêmen é um exemplo da necessidade urgente de cessar as hostilidades para enfrentar a falta de comida. O relatório afirma que as partes em conflito desconsideraram o status de proteção das instalações humanitárias. Isso transformou a expansão das operações de assistência num esforço difícil e perigoso.

O Monitoramento da Segurança Alimentar em Países com Situações de Conflito é o quinto relatório produzido pela FAO e pelo PMA para o Conselho de Segurança desde junho de 2016. Além de orientar o organismo com informações atualizadas sobre a relação em confrontos armados e fome, a publicação faz parte de um esforço mais amplo das agências da ONU, da União Europeia e de outros parceiros para monitorar as crises alimentares globais.

Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.

Fonte: ONU

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