A taxa de desemprego bateu novo recorde e atingiu 14,6% no trimestre encerrado em setembro, segundo o IBGE. Foi o maior índice da série histórica, iniciada em 2012. Corresponde a uma estimativa de 14,092 milhões de desempregados, 1,302 milhão a mais em apenas três meses, crescimento de 10,2%. Em relação a igual período de 2019, a alta foi de 12,6% (acréscimo de 1,577 milhão). A taxa de desemprego é maior para mulheres (16,8%) do que para os homens (12,8%).
Além disso, o número de ocupados chegou ao menor nível da série. São 82,464 milhões, queda de 1,1% no trimestre (menos 880 mil) e de 12,1% ante igual período do ano passado (menos 11,3 milhões). O nível de ocupação, também o menor, caiu a 47,1%. A taxa de informalidade é de 38,4%: 31,6 milhões de trabalhadores informais no país.
Pressão sobre o mercado
O desemprego cresceu em 10 unidades da federação e ficou estável nos demais. Para a analista do IBGE da Adriana Beringuy, esse aumento que leva o desemprego a novo recorde reflete certa flexibilização das medidas de isolamento contra a pandemia. Isso fez com que mais pessoas saíssem a procura de trabalho.
“Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre”, afirmou Adriana. “Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação.”
Assim, é possível esperar resultados ainda piores no início de 2021. Analistas lembram que o fim do auxílio emergencial deverá levar mais pessoas a procurar trabalho.
Exclusão e desalento
A chamada subutilização de mão de obra – que inclui quem gostaria de trabalhar mais – inclui 33,2 milhões de pessoas. São 1,2 milhão a mais no trimestre (alta de 3,9%) e 5,7 milhões em 12 meses (20,9%). A taxa de subutilização é de 30,3%, outro recorde.
Enquanto a população na força de trabalho ficou em 96,556 milhões (estável no trimestre e com queda de 9,2% em 12 meses), a população fora somou 78,565 milhões. Alta de 1% em três meses (785 mil) e de 21,2% ante 2019: 13,7 milhões de excluídos a mais.
Outro recorde é o do número de desalentados: 5,9 milhões. O crescimento sobre o trimestre anterior foi de 3,2% (183 mil). Em um ano, alta de 24,7%, ou mais 1,2 milhão de desalentados. Eles representam 5,7% da força de trabalho.
Com e sem carteira
Estimado em 29,366 milhões, o número de empregados com carteira assinada no setor privado caiu 2,6% no trimestre: menos 788 mil. Em relação a igual período de 2019, a retração foi de 11,2%, ou menos 3,7 milhões de pessoas com registro.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, não são comparáveis aos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que é divulgado pelo Ministério da Economia. Ontem, os resultados do “novo” Caged mostraram expansão do emprego com carteira em setembro, o suficiente para o governo trombetear uma recuperação.
Já o número de desempregados sem carteira soma 9,013 milhões. Houve crescimento de 4,3% no trimestre (mais 374 mil) e queda de 23,9% (menos 2,8 milhões) na comparação com 2019.
Entre os setores, apenas agricultura e construção registraram crescimento da ocupação no trimestre. Na comparação com setembro de 2019, quase todos caíram.
Menos R$ 10,6 bi na economia
Por sua vez, o número de trabalhadores por conta própria (21,783 milhões) teve pequena variação no trimestre (0,6%), com acréscimo de 119 mil. Em 12 meses, cai 10,8% (menos 2,6 milhões). E os trabalhadores domésticos somam 4,612 milhões, quedas de 2,2% (menos 102 mil) no trimestre e de 26,5% (menos 1,7 milhão) em relação ao ano passado.
Estimado em R$ 2.554, o rendimento médio ficou estável no trimestre e cresceu 8,3% em 12 meses. A massa de rendimentos, de R$ 205,305 bilhões, também ficou estável em relação ao trimestre anterior. E caiu 4,9% em um ano, o que significa menos R$ 10,6 bilhões na economia.
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