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Discurso ideológico e obsessão ideológica não leva médico ao posto de saúde, afirma Padilha


Foto -Divulgação-Reprodução 247

Ex-ministro da Saúde do governo Dilma e um dos idealizadores do programa Mais Médicos, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) criticou o presidente Jair Bolsonaro por não apresentar proposta para suprir a falta de médicos nos municípios do Brasil.

“Bolsonaro demorou sete meses para apresentar a sua proposta para suprir a falta de médicos com a MP [medida provisória] que soltou em julho – MP 890/19 que instituiu o Programa Médicos pelo Brasil –. E, agora, já fazem sete meses que essa medida provisória foi editada e até hoje teve muito discurso ideológico, mas nenhum médico para atender o povo. Discurso ideológico e obsessão ideológica não leva médico ao posto de saúde de ninguém”, denunciou Padilha.

De acordo com reportagem do El País, publicada nessa segunda-feira (17), os municípios brasileiros perderam um quinto dos médicos de saúde da família financiados pelo governo federal desde novembro de 2018, quando houve rompimento com os cubanos, da cooperação com o programa Mais Médicos do Brasil, após a eleição de Jair Bolsonaro. As cidades têm 3.942 médicos a menos atuando no programa, e o déficit vem de vagas fechadas em cidades metropolitanas e desistência de substitutos.

Para o deputado, o presidente da República não está preocupado com o povo que mais precisa de atenção básica na saúde. “Bolsonaro deu uma banana para o povo brasileiro que mais sofre, e os municípios de todo o País que perderam os seus médicos, em mais de um ano de governo, não viram solução. Bolsonaro com a sua obsessão por fazer disputa ideológica, esqueceu as famílias que passaram a ter médicos pela primeira vez com o Mais médicos”.

Foram 18.240 médicos que atuaram no programa Mais Médicos, cujo objetivo era levar atenção médica para locais menos atrativos aos profissionais, como municípios mais distantes e periferias de grandes cidades. Atualmente, são 14.298 —uma redução de 21,6%. Oficialmente, o governo reconhece que há 757 vagas para esses profissionais em aberto, por conta da desistência de profissionais que as assumiram após a saída dos cubanos ou que tiveram contratos finalizados, e que elas serão preenchidas com a reincorporação de cubanos que permaneceram no País após o fim do convênio. No entanto, não entram na conta as 3.185 posições que foram fechadas definitivamente desde o final da gestão de Michel Temer por uma mudança no foco do programa pela gestão Bolsonaro.

Um ano de governo Bolsonaro

O deputado Alexandre Padilha também usou a tribuna da Câmara dos Deputados, nessa segunda-feira (17), para apresentar um estudo detalhado do primeiro ano de governo Bolsonaro em relação aos indicadores de saúde. De acordo com o ex-ministro, de 10 indicadores analisados, a gestão bolsonarista piorou 8.

“O governo Bolsonaro fala tanto em meritocracia, fala tanto do Revalida [validação do diploma de médicos que cursaram medicina no exterior]. Se o Ministério da Saúde tivesse que prestar o Revalida, teria sido reprovado. Nota dois. Oito indicadores pioraram, entre eles, a redução do número de médicos na atenção básica – com o fim do Mais Médicos, pois o povo ficou sem atendimento médico –, e dados iniciais mostram o aumento da mortalidade infantil, além da redução do número de agentes comunitários de saúde”, explicou o deputado.

Lorena Vale com El País

Fonte: PT na Câmara

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