Para o economista Fausto Augusto Júnior, coordenador de Educação do Dieese, o texto-base da “reforma” da Previdência, aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10), com votação “surpreendente” – 379 votos a favor, 131 contra –, faz com que o projeto chegue “com força” ao Senado. Destaques a serem apreciados nessa quinta-feira (11) podem suavizar algumas regras de acesso aos benefícios, como no caso das mulheres e policiais.
Segundo Fausto Augusto Júnior, apesar das mudanças que ainda podem ocorrer, a conclusão é que o conjunto da classe trabalhadora “perde muito” com a proposta defendida pelo governo Bolsonaro e pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). “A população vai ter que trabalhar mais, receber menos, e uma parte importante sequer vai alcançar a aposentadoria”.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, o economista do Dieese destaca como o aumento no tempo mínimo de contribuição, 20 para homens e 15 para as mulheres para ter acesso ao benefício parcial de 60% – o que vai “comprimir o valor das aposentadorias – a maior “crueldade” da “reforma”. Fausto ressalta que a maioria da população tem dificuldade de se inserir no mercado formal de trabalho, em função da alta rotatividade, da informalidade e do desemprego. Segundo ele, a cada ano, o trabalhador passa de cinco a nove meses empregado formalmente. Nos demais meses, enfrenta condições mais precárias. Essa situação é ainda mais grave em setores do comércio e serviços.
O economista destacou que a proposta enfrentou resistência das centrais sindicais e dos partidos de oposição, mas esta ficou “aquém” do necessário para barrar mudanças tão drásticas. Ele destacou o papel dos veículos da imprensa tradicional, com uma “avalanche” de comentaristas alegando que a PEC da Previdência seria “absolutamente necessária” e que mudaria a vida das pessoas. “Realmente vai mudar, mas para pior”.
Entenda ponto a ponto como a reforma acaba com a aposentadoria
Por Rede Brasil Atual