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Chefe da ONU pede maior compromisso do G20 com ação climática e cooperação


Líderes da cúpula do G20 em Osaka, no Japão. Foto: G20 Osaka Summit 2019

O encontro anual do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, começou nesta sexta-feira (28) em Osaka, no Japão, em meio ao que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu como “um momento de altas tensões políticas”.

“Temos o aquecimento global, mas também temos o aquecimento político global, e isso pode estar relacionado a conflitos comerciais e tecnológicos, a situações em diversas partes do mundo, como no Golfo”, disse Guterres a jornalistas, antes de discursar à cúpula. Ele se referia aos recentes ataques a petroleiros em torno do Estreito de Ormuz e do Golfo do Omã.

A respeito das “incertezas sobre a economia global”, Guterres destacou conflitos comerciais, altos índices de dívidas, mercados financeiros possivelmente instáveis e o risco de desaceleração do crescimento mundial.

Na visão do chefe da ONU, “será muito difícil ter um avanço em relação a alguns dos desafios mais difíceis enfrentados pela comunidade internacional”.

Embora as Nações Unidas não sejam parte do G20, Guterres expressou agradecimento pela oportunidade de “falar a líderes e mostrar a eles nossas preocupações”.

“Salvar o planeta”

O secretário-geral ressaltou a urgência de responder à mudança climática como uma prioridade. Ilustrando um cenário de “ondas de calor na Europa, seca na África, tempestades acontecendo também na África e no Caribe” e a “multiplicação” de desastres naturais mais intensos e mais frequentes, Guterres disse que “a mudança climática está avançando mais rápido do que nós”.

“Todas as análises que podem ser feitas mostram que a situação, em termos práticos, está pior do que podíamos ter previsto e que a disposição política tem fracassado”, disse. Segundo Guterres, isto é “um paradoxo que precisa ser respondido”.

Admitindo sua crença na ciência, Guterres citou o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que expressa que até o final do século 21 as temperaturas não podem ultrapassar 1,5°C. Isto se traduz em neutralidade de carbono até 2050, que exige mais ambição por parte de governo e de outros atores.

Guterres falou sobre a cúpula do clima, que será realizada em setembro em Nova Iorque, onde pedirá a líderes mundiais um maior compromisso com as ações climáticas. Os tópicos a serem abordados incluem “precificação de carbono, acabar com subsídios para combustíveis fósseis e não aceitar a ideia de uma aceleração da construção de usinas de carvão”. Segundo o chefe da ONU, estes temas são “absolutamente essenciais para salvar o planeta”.

Agenda 2030

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é outro desafio no qual “estamos ficando para trás”, disse.

“Se projetarmos os diferentes Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, a evolução desde o começo até agora e até 2030, estaremos mais ou menos no meio do que a comunidade internacional determinou quando a Agenda 2030 foi aprovada”, disse.

“Países precisam fazer mais, mobilizando seus próprios recursos internos, melhorando suas governanças, reduzindo corrupção, implementando o Estado de Direito”.

Irã, China, EUA e a economia digital

Após discursar à imprensa, Guterres respondeu a uma série de perguntas, incluindo sobre tensões crescentes entre Estados Unidos e Irã. Guterres reiterou seu apoio ao Plano de Ação Conjunto e Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês), que tem o objetivo de coibir a aquisição de armas nucleares por Teerã.

“Sempre acreditei e continuo acreditando que o JCPOA é um instrumento muito importante e um fator de estabilidade, e que será necessário preservá-lo”, afirmou. “Obviamente, é essencial desagravar a situação no Golfo” para evitar um confronto com o qual “o mundo não pode arcar”.

Quando perguntado sobre o quanto o presidente norte-americano Donald Trump é responsável por desacordos entre os líderes do G20, ele destacou a importância de diálogos entre os presidente da China e dos EUA. Segundo Guterres, o encontro entre os dois é “provavelmente o encontro bilateral mais relevante a acontecer no G20”.

Sobre economia digital, o chefe da ONU falou sobre o recém-concluído painel de alto nível para a cooperação digital, ressaltando o “grande impacto que” a cooperação – junto com a inteligência artificial – terá sobre a economia digital.

“Veremos uma destruição e uma criação massiva de empregos, mas eles serão diferentes”, disse. Para isso, é preciso “um forte compromisso” de países para garantir educação, proteção social e criação de empregos, a fim de “minimizar os impactos negativos” e “otimizar as contribuições positivas da quarta revolução industrial”.

Fonte: ONU

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