Apenas em junho, mais de 300 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas no nordeste da República Democrática do Congo devido uma nova onda de violência entre diferentes etnias. O número foi divulgado na terça-feira (18) pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Citando múltiplas agressões entre pastores Hema e fazendeiros Lendu, o porta-voz do organismo internacional, Babar Baloch, alertou que a situação se agravou nos últimos dias, em meio a relatos de confrontos mais intensos entre grupos armados.
“As pessoas estão fugindo de ataques e contra-ataques no território Djugu, com relatos de que ambas as comunidades estão formando grupos de autodefesa e se envolvendo em assassinatos vingativos”, acrescentou o representante do ACNUR.
Segundo Baloch, o alerta da agência da ONU foi baseado em informações de fontes espalhadas por 125 localidades no país africano. Os detalhes recebidos pelo organismo, de parceiros e de pessoas deslocadas, apontam para a ocorrência de diferentes brutalidades contra a população civil, incluindo homicídios, violência sexual e outras formas extremas de violência.
Além de Djugu, o ACNUR também identificou deslocamentos em massa de pessoas em Mahagi e Irumu. Em resposta ao cenário de conflitos, a Missão de Paz da ONU no país africano, a MONUSCO, estabeleceu três bases temporárias em algumas áreas críticas.
A rivalidade entre os pastores e fazendeiros já dura décadas. Numa guerra que teve início em 1998 entre as etnias, milhares de congoleses morreram.
O ACNUR também recebeu relatos de que deslocados que tentaram chegar a lugares mais seguros estavam sendo impedidos de transitar pelo território por jovens armados de ambos os grupos conflitantes. Outros congoleses estão tentando deixar o país pelo Lago Alberta, em busca de proteção em Uganda.
A maioria dos 300 mil congoleses recém-deslocados encontrou abrigo em comunidades de acolhimento dentro do próprio país. Cerca de 30 mil estabeleceram-se em campos para deslocados, onde as condições de vida são precárias, com falta de habitação e de cuidados médicos.
Em pronunciamento também sobre os deslocamentos na República Democrática do Congo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o fluxo de pessoas é um fator de risco para o combate à atual epidemia de ebola que assola o país.
“Sempre que você tem pessoas se deslocando em números altos, é mais complicado trabalhar com os acompanhamentos: rastreamento dos contatos, acompanhamentos de pessoas que deveriam basicamente ser observadas diariamente ou por 21 dias (o período de incubação do ebola”, explicou o porta-voz da instituição, Tarik Jasarevic.
Até o momento, o surto de ebola já matou 1.449 pessoas no país africano e infectou 2.168 pessoas, desde 1º de agosto de 2018.
Fonte: ONU