Com nome científico Eira barbara, a Irara se mostrou em frente às câmeras das armadilhas fotográficas instaladas na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. As imagens coletadas tornaram possível mais esse vídeo da série Moradores da Floresta sobre como os animais silvestres vivem na Floresta Amazônica. Assista o vídeo:
O nome popular irara vem da junção dos termos tupis i'rá (mel) e rá (tomar). Já o nome científico da espécie (Eira) tem origem na língua guarani. No Brasil também é chamada de papa-mel, um dos seus alimentos preferidos. Pertencente à família Mustelidae (mustelídeo), de mamíferos carnívoros como ariranhas e lontras, a espécie tem distribuição geográfica bem ampla, ocorrendo desde o centro do México até o norte da Argentina. É uma espécie tipicamente florestal, abrigando-se em ocos de árvores e troncos, e em tocas feitas por outros animais. No Brasil, a irara ocorre em quase todo o território, habitando principalmente áreas de vegetação mais densa nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal. A espécie já foi registrada em mais de 40 unidades de conservação brasileiras. A irara possui um corpo esguio e alongado com cauda comprida e peluda. Sua pelagem pode variar desde indivíduos totalmente marrom escuros até totalmente bege amarelados. No entanto, a coloração mais comum é o corpo marrom escuro com nuca e cabeça bege. A irara alimenta-se de frutas, mel, insetos e também de vertebrados de pequeno e médio porte. Predador ativo, usa o olfato aguçado na busca por alimento e detecção de presas. A agilidade da espécie também é destacada, o que a permite procurar por comida tanto nas copas das árvores como no chão. As iraras são ótimas escaladoras, sendo frequentemente vistas em árvores, e também nadam com destreza. O padrão de deslocamento é longo, podendo viajar de 2 a 8 km por dia. É mais ativa durante o dia e predominantemente solitária, mas também é possível avistar pares e mães com filhotes. Geralmente, tem ninhadas de 1 a 3 filhotes, depois de uma gestação que pode durar de 63 a 67 dias. Os indivíduos usam a vocalização, similar a um latido, como meio de comunicação. As principais ameaças a essa espécie são a perda e degradação de seus habitats e o atropelamento em estradas. Moradores da Floresta A série de vídeos Moradores da Floresta, lançada em abril de 2018, é resultado de um trabalho inédito, feito em parceria com os comunitários da Reserva Extrativista Chico Mendes para monitoramento da fauna presente nas áreas de manejo florestal da unidade de conservação (UC). Para isso foram instaladas 20 armadilhas fotográficas no interior da Resex. A instalação das armadilhas aconteceu em oficinas que reuniram cerca de 20 extrativistas e quatro deles foram treinados para serem os operadores locais dos equipamentos. As armadilhas fotográficas são câmeras normais equipadas com melhorias tecnológicas e apropriadas para o ambiente selvagem. Elas ficam escondidas e amarradas em árvores, funcionando com sensores de luz. Toda vez que um animal passa pela frente do equipamento, a câmera dispara automaticamente e tira uma foto ou inicia uma gravação audiovisual. Essas câmeras utilizam infravermelho gravando bem à noite sem necessitar de luz adicional, e não espantam ou agridem os animais. Por isso, elas vêm sendo cada vez mais adotadas por conservacionistas ao redor do globo. O trabalho com armadilhas fotográficas é uma parceria entre WWF-Brasil, Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) e Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do conselho gestor da Resex Chico Mendes. O objetivo é monitorar espécies silvestres que ocorrem na Reserva Extrativista.
Fonte: WWF Brasil - por Denise Oliveira