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Extrativistas movimentam economia em áreas protegidas no Rio Xingu


O dia começa cedo para a comunidade do Rio Novo, na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Iriri, na região sudoeste do Pará. Às 5h, Marlon Rodrigues coloca no fogo a primeira panela com castanhas in natura. Esse é o início do processo de beneficiamento da castanha-do-pará realizada na miniusina de processamento de produtos extrativistas instalada na comunidade, que alcançou este ano recorde de produção.

No ano passado, foram produzidos na miniusina 1661 quilos (kg) de castanha beneficiada. Este ano a produção deve fechar em torno de 4000 kg de castanha e o valor a ser comercializado é de R$ 40 por quilo.

Depois que sai da panela, a castanha é distribuída entre os dez trabalhadores e passa por uma máquina para quebrar a casca, que depois é retirada uma a uma com auxílio de uma faca.

As castanhas são então selecionadas e embaladas e estão prontas para a venda.

Foto - (Crédito: Lilo Clareto/ISA)

A quebra da castanha começa por volta das 7h e segue em ritmo frenético. O som das castanhas quebrando e da conversa entre os trabalhadores só para no final da tarde, às 17h.

Marlon Rodrigues passou a trabalhar na miniusina depois que seu pai adoeceu. Ele vivia da pesca e não se interessou pela atividade a princípio, mas hoje divide com sua irmã Raimunda a responsabilidade pelo beneficiamento da castanha.

“A gente mexia com pescaria e pra mexer com pescaria hoje em dia está muito ruim de peixe; tão ruim que quase não dá dinheiro nem pra comprar o alimento. Mexo aqui com castanha; meu trabalho é mexer a castanha no paiol e cozinhar castanha”, conta Marlon.

Quem são os fundadores da miniusina de castanhas na Bacia do Rio Xingu

Foi Dona Francisca da Chaga Araújo, dona Chaga, como é conhecida na Comunidade do Rio Novo, quem iniciou junto com seu marido Aguinaldo Rodrigues a instalação da miniusina de castanha, hoje sob cuidado dos seus filhos Marlon e Raimunda.

Dona Chaga representa bem a popualação local. Seu avô materno veio do Piauí para trabalhar nos seringais e pelo lado paterno seu parentesco é indígena, dos povos Kuruaya e Xipaya.“Meu pai era índio, minha mãe era branca e a gente é mestiço. Meu pai era índio; foi pego no mato. Ele era Xuruaya e o pai dele era Xipaya”, conta.

Foto - (Crédito: Lilo Clareto/ISA)

A avó materna veio do Maranhão e trabalhava com o coco do babaçu, técnica que passou de geração em geração. O começo do trabalho de beneficiamento de produtos extrativistas começou justamente com o óleo do babaçu.

“Eu tirava o óleo de coco no pilão, tirava o coco, botava pra secar ia lá tirava o óleo; é difícil para nós comer esse óleo de soja”, conta ela.

Além da retirada do óleo da amêndoa, Dona Chaga e seu marido Aguinaldo Ribeiro foram até Uruará, para conhecer uma experiência de agricultores locais para fazer farinha com mesocarpo - parte da semente do babaçu, rica em fibras, cálcio, ferro, minerais e nutrientes. Foi assim que começaram a estruturar a miniusina do Rio Novo.

Fonte: EBC/Foto - (Crédito: Lilo Clareto/ISA)

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