A Agência Nacional de Saúde (ANS) ignorou a convocação feita pelo Grupo de Trabalho coordenado pelo Ministério Público Estadual e Defensoria Pública do Estado do Amazonas para dar explicações sobre a decretação de alienação da carteira de clientes da Unimed Manaus.
A ausência de um representante da ANS na reunião realizada na manhã de segunda-feira (16), na sede do MPE, irritou o deputado estadual Sinésio Campos (PT), autor da proposta de criação do GT. A reunião foi resultado da Audiência Pública realizada na última terça-feira (10), no plenário Ruy Araújo da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) de autoria do deputado.
Na avaliação do parlamentar é, no mínimo, estranho que a Agência Nacional de Saúde se negue a dialogar. “Querem liquidar a Unimed, por quê?”, indagou Sinésio Campos, afirmando, em seguida, que hoje a questão é mais política que administrativa, uma vez que a direção da cooperativa de médicos do Amazonas já operacionalizou suas dependências administrativo-financeiras, quando foi surpreendida pela decisão da ANS de alienar sua carteira de clientes, levando em conta os problemas identificados, antes da nova gestão da Unimed Manaus tomar posse, em janeiro de 2018.
“Se liquidar, onde vão colocar os mais de 122 mil clientes da Unimed Manaus?” questionou Sinésio Campos, afirmando que a não vai permitir a liquidação da Unimed, sem que a ANS dê garantias de que serão resguardados os direitos dos mais de 120 clientes da cooperativa, que, segundo ele, com a liquidação, serão obrigados a migrar para o Sistema único de Saúde (SUS).
Sinésio levantou suspeita sobre uma possível ingerência política nesse processo com objetivo de favorecer a empresa de planos de saúde Hapvida. “Ganha e quem atende é o SUS. A Hapvida está extorquindo o Estado. Recebe da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para atender aos trabalhadores da Educação, e esses trabalhadores são atendidos no SUS”, denunciou.
De acordo com o deputado a operadora estaria interessada em encampar a carteira de clientes dá Unimed Manaus, mas, segundo ele, a Hapvida não tem condições de atender sequer os clientes que já tem. Sinésio Campos disse está arregimentando apoio das bancadas do Amazonas na Câmara dos Deputados e no Senado, para que junto com os órgãos de defesa do consumidor, resguarde os direitos dos clientes da Unimed.
Na reunião do GT, ficou acertado que nesta quarta-feira, a procuradora do MPE Sheila Andrade, acompanhada de dirigentes da Unimed e também representantes da Defensoria Pública do Estado vai se reunir com procuradores do MPF, para que juntos possam definir qual o mecanismo jurídico mais eficiente para resguardar os interesses dos clientes da Unimed Manaus.
Fonte: Aleam - por Jéssica Trajano