
Há 50 anos, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, então com 17 anos, foi morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Edson era um dos 300 estudantes que jantavam no restaurante estudantil do Calabouço no final da tarde de 28 de março de 1968 quando o local foi invadido por policiais, em meio à tensão do quarto ano da Ditadura Militar no Brasil.
Nesta segunda-feira (23.04), a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) lembrou o estudante paraense que se tornou símbolo do movimento estudantil contra a ditadura militar. A audiência pública foi solicitada pelo deputado Aírton Faleiro, atendendo o Centro Acadêmico de Direito da UFPA – CADEL.
“Não podíamos deixar de prestar essa homenagem à Edson Luis e à memória do movimento estudantil, para dar voz a essa história”, avaliou o deputado Aírton Faleiro.
Segundo o presidente do Centro Acadêmico do curso de direito, que leva o nome do estudante assassinado em 68, “Se hoje temos um centro acadêmico forte, um dos maiores nas universidades brasileiras, é graças aos que nos antecederam. A data de hoje tem que ser lembrada no futuro por não deixarmos o passado ser esquecido. A ditadura militar não foi um período feliz, mas não podemos esquecer, sob o risco de vê-la se repetir”, destacou o estudante Felipe Costa.
A audiência pública também contou com a participação de Rosângela Souto, sobrinha de Edson Luís. Ela lembrou que não era nascida quando o tio foi assassinado, mas conhece bem a história pelo que ouviu da família. “Ele era um rapaz com sonhos, queria dar uma vida melhor para minha avó. E mesmo após sua morte, ele conseguiu. Com muita luta, minha avó conseguiu receber uma pensão do Estado pelo crime que cometeram”, conta ela. “Ele foi e sempre será um símbolo de uma luta desigual e desonesta, entre os militares e os estudantes – Eram as armas contra argumentos e ideias”, afirma Rosângela.
Também participaram da audiência pública o vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira, o advogado José Benatti, o juiz do trabalho Antônio Aldemar e o historiador Davidson Alves.
História - A mobilização em torno da morte do estudante foi o estopim para a primeira grande manifestação pública daquele ano, que culminaria três meses depois na Marcha dos 100 mil. O evento foi um dos principais protestos contra a Ditadura Militar. O aumento das manifestações públicas levaram a um endurecimento por parte do governo Costa e Silva naquele ano que culminou com a edição do Ato Institucional 5 (AI-5).
O velório e o enterro do estudante foram transformados em ato político. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o trajeto do corpo da Assembleia Legislativa do Rio, onde foi velado, até o Cemitério São João Batista, onde aconteceu o enterro. “Foi o primeiro acontecimento que sensibilizou a opinião pública para o movimento estudantil”, escreveu Zuenir Ventura no livro 1968 O ano que não terminou.
Fonte: Alepa -por Dina Santos